Flores humanas entre flores, o Jardim Público era um pouco a passerelle onde as elegantes da época exibiam as suas toiletes. Algumas tinham ainda a marca taful do romantismo, manga tufada, saia rodada e comprida de onde timidamente espreitava a biqueira do sapatinho; outras, último igurino, de silhueta, mangas direitas e saia de comprimento considerado atrevido pelos puritanos, deixava ver o tornozelo que se queria delgado.
Na época, os homens da sociedade andavam muito mais interessados em discutir política nos clubes, cafés e centros do que em passear entre flores. Os cavalheiros susceptíveis de agradar às meninas casadoiras que se passeavam no jardim eram regularmente poucos e quase sempre sóbrios, mudos e quedos como os vemos aqui.
O mínimo detalhe servia de motivo para cochichos e risinhos disfarçados atrás de leques ou de outros subterfúgios em que as meninas de todos os tempos foram e são férteis.
Glória Maria Marreiros