A sucessão de lapsos de tempo (1900-1930)
apresentados sob a forma de encenações que ocorrem
ao longo da exposição, transmitem deliberadamente
sensações contraditórias: a harmonia inquieta dos
últimos anos da monarquia, os Tempos Revoltos da
República e os momentos de euforia pela criação do
novo concelho. Ao tempo das trincheiras da Grande
Guerra, onde pereceram alguns sãobrasenses,
sucedem os Tempos de Esperança e Incerteza que,
acompanhando a degradação política e económica do
país, culminaram na Ditadura e no Estado Novo. Apesar
de tudo, uma engrenagem relativamente consensual,
cronológica, pacíica...
Em determinado momento do longo processo que durou a conceção e montagem da exposição (pouco mais de 1 ano), cerca de uma dezena de jovens artistas plásticos associaram-se ao projeto. Fácil será de perceber que desde então viu-se esfumada a harmonia museológica e instalada a dúvida, a polémica e o confronto. Foi assim, por esta deriva (mais ou menos) cega, que a exposição ganhou novos signiicados e interpretações, geradores de perplexidades e interrogações que, a nosso ver, contitui um exercício de Museologia Social que há muito exercitamos.
Emanuel Sancho